terça-feira, 20 de junho de 2017

Dezoito dias [quatro anos depois]

"Dezoito dias se passaram e desde então pouco mudou. O coração ainda bate, os ônibus continuam a passar sempre abarrotados de gente com um olhar típico do sono interrompido, das vidas incompletas e sempre prestes a esgotarem-se em uma esquina qualquer, em meio à pressa alheia. Há dezoito dias que amanhecer é uma incógnita, um enigma indecifrável.
 
A atenção fixada no cotidiano estonteia, espanta, revela absurdos inimagináveis. Estar vivo já não é suficiente, não me parece o bastante, porque há dezoito dias interpreto o mesmo papel frente a uma plateia vazia, sendo eu o único espectador. Mas estou cansado, cansado de interpretar e de assistir a mim mesmo sempre tão previsível, tão…certo.
 
Sinto pesar a máscara que trago frente ao rosto, sinto queimar-me a pele e os lábios e um gosto amargo descer pela garganta até o estômago faminto.
 
Há dezoito dias procuro a paz no silêncio e um refúgio na solidão, porque as respostas, delas eu abri mão há muito tempo atrás."

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