quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Há algum tempo

"Ei de confessar-te um segredo
Em frases simples, sem medo e sem métrica
A despeito de teu ceticismo

Desejo violar esse ponto insistente
Ameaça iminente de um fim sobre meus versos
De interrupção prematura da estrofe
Que nos selaria então as portas da vida

Ao contrário do que escreveu Neruda
O teu riso não mais veria passar pela avenida
Trazendo consigo a magia que conheço bem
Mas que definha a cada dia um pouco mais
Pela distância dos caminhos que nos separam
Dos poemas que se calam teimosos,
Relutantes em desatar o nó e o silêncio

Ei de confessar então, senão agora, jamais
Nunca ser demais o recordar dos momentos
Em que ainda me era dado amar-te
Desvestido destas vestes de inútil dissimulação
De cartas endereçadas a ti sem resposta,
E da solidão dos domingos na praça
Enrijecido pela hora que não passa
Estagnada diante de mim à tua espera

Infinita na demora de trazer-te novamente
Ao alcance dos meus olhos exaustos,
Ao tatear cego de minhas mãos ansiosas
Que só fazem lembrar de tua ausência

Sempre presente, permanente e sincera 
Como uma criança a dormir
E desfrutar de sonhos coloridos,
Repletos de inocente alegria
Tal qual fomos um dia
Há algum tempo atrás."

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