"Enquanto eu me perco em pilhas de papeis inúteis
Do lado de fora de mim o mundo segue vertiginoso
Em seu ritmo incessante de dias, tardes, noites
E madrugadas quietas nas quais permaneço absorto
Cogitando palavras, construindo contextos de alegria ou
tristeza
Escamoteando o leve perfume que a noite trás
Em busca de algo indefinido
Algo que eu ainda não conheço bem e sequer sei onde fica
Mas que me falta como a água ao peixe,
Como a selva ao leopardo arisco, bicho-do-mato de ilustre
beleza
Enquanto me perco mirabolante nestes tais pensamentos
Nestes momentos de sólida lucidez incontida
Por entre matas virgens e animais misteriosos e faltas
irreparáveis
Do lado de fora de mim aumenta a embriaguez do mundo
E tudo parece simples como um passeio no parque
Até mesmo os cinzentos papeis empoeirados,
Esquecidos em pequenos montes se arriscam graciosos
E alvoroçados se põe a bailar pelo escritório vazio
Acompanhando a dissonância em meus versos
Alheios ao tic-tac provocador do relógio entalhado na parede
Cujos ponteiros crescem ameaçadores a cada minuto
conquistado
Oblíquos como um olhar cigano de profundidade indecifrável
Prestes a anunciarem o momento da partida."
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