quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Audácia

"Audácia é a definição do que não me convém
É a doce sedução dos teus lábios em movimento retilíneo
Dizendo-me o que devo fazer e ser em seguida,
Profetizando o meu futuro arquitetado a mil dedos
Na escuridão dos teus pensamentos ocultos

Não espere tanto,
Por enquanto ainda sou incapaz de saciar o teu desejo de posse
A audácia galopante dos teus sentimentos gananciosos
Dos braços que me arrancam o ar dos pulmões a cada abraço
Destes ouvidos atentos e indiscretos que tanto me constrangem

Confesso que o calor do teu corpo também me acalenta,
Que gosto da maneira violenta com que constrói suas frases
Quando atravessamos os mistérios da noite nos hemisférios mais distantes
Dos corpos entregues à falsa percepção de eternidade
Prestes a acabar com o próximo raiar do dia se revelando à janela

Mas negarei a facilidade com que o teu sorriso me convence,
A quase nula falta que me faz a tua incestuosa presença
Ainda que dela eu seja refém por capricho ou simples necessidade
Não me convém ser omisso diante da verdade exposta

Negarei teus dois olhos negros estáticos frente a mim
O desenho perfeito que delimita a tua existência no universo
A sólida maneira como se desloca de um ponto ao outro
Sempre senhora de si, imponente e majestosa
Audaciosa como este meu desejo de negação
No qual nem mesmo eu acreditarei um dia."

Um comentário:

  1. Sempre senhora de si, imponente e majestosa
    Audaciosa como este meu desejo de negação
    No qual nem mesmo eu acreditarei um dia."

    Boa...os gestos dizem não, mas o corpo uma hora entrega a verdade. A boca rodopia entre estórias,devaneios e a força indelicada em não deixar fugir o sorriso revelador, mas no fim se liberta no beijo...Toda essa contensão é graça, charme ou simplesmente perda de tempo...

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