segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cala-te

"Cala-te maldito!
Cala-te pois já não quero ouvir teu sussurro
Quero me esquecer da tua amarga presença,
Da maneira fugaz como o sangue corre nas tuas veias
Quero me esquecer do teu aspecto vivaz e doentio
Dessa tua mísera existência que tanto me consome
Tornando-me oco por dentro,
Uma figura inumana e vazia como um pote
Ainda que não tão belo, não tão ornamental
Quero assassinar o ímpeto por lembrar-te
Cegar os olhos trêmulos que te admiram à distância
Sempre são e saudável, num eterno carnaval de rua
Folia que tens como marca incontestável da avareza
E da certeza de saber-se razão do meu amor e ódio

Porque não te calas finalmente,
Tens pena do efeito devastador do silêncio?!
Pois fiques tranquilo, não serei eu o próximo
O desequilibrado sociopata,
O esquizofrênico amante
Estigma do teu desprezo

Podes festejar à vontade,
Embebedasse neste vil orgulho que sentes
Fale alto e de risadas através da noite,
Não se esqueça do quão ridículo sou
E não me deixes também esquecer
Faça o que quiseres, lhe digo com veracidade
Mas cala-te ao menos coração revolto
Tudo o que tens deves a mim, como ousas?!
Revogo tua autonomia com convicção
E eu, enquanto senhor de mim, decreto:
À ti, as infalíveis regras da razão!"

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