"Por detrás dos prédios vejo o sol caindo
E um avião passando no céu sem deixar rastro
Não sei pra onde vai tão depressa
Talvez leve gente importante
Empresários, suicidas, governantes
Com seus ternos caros
E sapatos cuidadosamente lustrados
Com a lâmina no bolso do casaco,
Esperando o momento certo
Que bela tarde faz em São Paulo
Nem quente, nem frio
A temperatura amena me acalma
Tranquiliza a sensação de vazio
De ver a mesma tarde pela milionésima vez
Com seus aviões, empresários e sapatos lustrados
Através da janela encardida de poluição
Num ponto xis de uma avenida qualquer
Posso imaginar o mundo inteiro num único instante
Como se dezenas de países e um punhado de continentes
Estivessem todos aqui presentes
Neste exato momento
Neste exato momento
Em frente à janela da copa no segundo andar
Onde tomo meu café preto em suaves goles
Distante, muito distante
Distante, muito distante
Conheço poucas coisas na vida capazes de dar tanto prazer
Quanto se aquecer ao sol das 15 horas
Sem sentir um só pingo de culpa
Pelo trabalho acumulado ou das ligações que deixei de fazer
De que me importa
Se há uma dezena de e-mails a responder
Quando lá fora existem continentes infinitos e inexplorados
Todos ainda por conhecer?"
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário!