segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Paradoxo do nosso tempo

"Quem vai pagar
Pelo corpo no chão
Pela dor da família
Quem se arrisca a dizer
Quanto tempo falta
Para a próxima baixa
Pro caveirão invadir
Saquear, reprimir
Quem se arrisca?
Quantos mais?
Até quando?

A sorte está lançada
Façam suas apostas
É ano de copa do mundo
Que se fodam as mortes
Viva o apartheid imundo
Pare de questionar o sistema

Pequena, as coisas são como são
Porque sempre foi assim
A bala não é de festim
Porque um pobre não vale a lágrima
Nem a tormenta

Durma, durma e não pense
São apenas números no jornal
Manchetes sensacionalistas
Nada é real, mantenha a calma
E não se revolte
Foi só mais um a menos

Faça sua parte, estude, trabalhe
Conquiste bens, o máximo que puder
Constitua família e tenha medo
De ser furtado,
Sequestrado na saída do shopping

Tenha ódio de preto pobre vagabundo
Pois são eles os responsáveis
Por todos os problemas do mundo
Não você,
Nunca você,
Somente os outros, sempre

Viva o sonho americano sem remorsos
Essa construção fantástica de gente feliz
Sorridente, de barriga cheia e olhar radiante
Siga, siga adiante
Você já está quase pronta

Só mais alguns ajustes,
Pequenas regulagens
E voilà
Aí está, um ser humano ideal
Domesticado como um animal burro
Cego, surdo e mudo

Mais um a acusar sem conhecimento
A condenar sem provas
A engolir, digerir e reproduzir
Toda essa merda."

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