quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Silêncio sincero

"O livro aberto sobre a mesa à meia luz me distrai o suficiente, subtraindo o possível sentido das prosas que se multiplicam ao redor. Escuto tudo como um espectador desinteressado o faria, mergulhado na imensidão de um romance há muito tempo idealizado por alguém, muito provavelmente, tão desinteressado quanto eu.

Uma garrafa de cerveja pela metade e apenas um copo. Bebo sozinho, por sorte. Compartilhar bons momentos é um privilégio raro e talvez por isso tão saboroso, não me lembro mais quando o fiz pela última vez sem pesar. Atualmente prefiro as vozes indefinidas dos bares e uma boa dose de ficção que me afaste desta grosseira realidade.

Ao menos aqui posso ser eu, alheio, taciturno, sentado quieto e livre da cruel necessidade de demonstrar interesse por coisas ou pessoas. Nada mais me interessa, deixo que olhem e riam da solidão como o fariam ainda que não houvessem motivos, pelo simples gesto de rir e acovardar-se perante o meu silêncio sincero."

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seu comentário!