"Se a meia-noite não basta
Pra satisfazer o teu desejo
Não parta
Fique mais alguns tragos
Demore um pouco mais
Pra que tanta pressa
Se não há ninguém a lhe esperar
Se a casa ainda estará deserta
Quando você voltar?
Eu conheço o teu desespero tão bem
Pra continuar fingindo que não o vejo
Consinto, não vou mentir
Deixo que ele aconteça de tempos em tempos
Porque sem ele você nada seria
Ou melhor,
Seria como um sopro sem vento
Madrugada sem lua
Movimento sem vida
Essa vida toda sua, retida entre ponteiros
De um relógio parado, empoeirado
Esquecido nas profundezas do teu sótão imundo
Submundo de recordações e receios
Lar de paixões impossíveis
Será ali onde você se esconde
Durante as horas de tempestade?
Embaralhando em segredo cartas marcadas
Que eu lhe enviei outrora
Ou quem sabe roendo as unhas,
Com o coração inquieto
Procurando significados nas teias de aranha
Construídas no teto
Sobre mobílias de um século atrás
Sobre mobílias de um século atrás
Que lugar é esse,
Pra onde você prefere fugir
Sempre que a noite cai
Sempre que a noite cai
Ao invés de simplesmente adormecer ao meu lado?"
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