"Seu corpo quieto,
entregue à sonolência da tarde que se arrasta, me parece a mais
bela arte. Porcelana branca, lisa, gélida. Faz frio. Posso ver cada
poro se arrepiar e estremecer, enquanto suas mãos me afagam,
primeiro com calma, depois com desespero, como se duvidassem da minha
presença ou quisessem prolongá-la infinitamente ao seu lado. No
silêncio, gestos despudorados, delinquentes, mudos, multiplicam-se
indefinidamente. Sinto seu coração disparar, cada vez mais
depressa, mais distante, entregue ao instante de calor breve de um no
outro. Devo dizer-lhe adeus, mas não sei como."
Há alguns Adeus que se dizem só, no corpo a corpo, no sopro do vento que parece bem mais acelerado ou ralentado demais, se diz em sorrisos que nunca pareceram tão breves, se dizem com gestos, com o medo, com o tarde viver pelo medo de ser cedo demais... Deixe os lábios lacrados, não machuque sua frágil pele branca com seu ácido caminho para apenas lembranças!
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